PINTURAS E TRAPINHOS: janeiro 2016

janeiro 29, 2016

Andamos entretidos com a nossa vidinha, com as nossas pequenas conquistas, dificuldades, e nem sempre damos conta ou temos consciência do conforto que é viver em paz...
No entanto a guerra sempre esteve aí; genocídios, revoluções, revoltas, atentados, acções terroristas, intervenções militares, etc...
Quando nos toca mais de perto, tanto pela proximidade geográfica ou cultural ficamos mais sobressaltados...
Às vezes a guerra existe dentro de nós...
A sua existência é a demonstração quer das falhas do processo de socialização, quer das vicissitudes do crescimento civilizacional...
Querer perceber porque alguns procuram a guerra, além de gerar indignação provoca uma "catarse" colectiva e cabe nas calamidades que afligem a vida...
Sendo um fenómeno natural, dificilmente evitável, pensar em paz acaba por ser uma fantasia, um ingrediente de pensamento mágico...

"O que põe o mundo em movimento é a interação das diferenças, suas atrações e repulsões; a vida é pluralidade, morte e uniformidade" (Octavio Paz)

Vivemos numa sociedade cheia de amarras, como se errar fosse um pecado mortal...
Há as pessoas que querem fazer coisas e as outras que não querem errar...
Assumir o que somos ou fazemos, sem estar sempre sobre o escrutínio da sociedade...faz com que exista o receio de sermos nós próprios...
Só vivemos uma vez, mas temos que ter presente que a nossa liberdade acaba onde começa a do outro...
O mais importante é chegarmos ao fim do nosso caminho com a sensação de que não deixámos coisas por fazer...
É quase impossível escapar à dinâmica castradora da sociedade...
Quando fazemos as nossas escolhas, mudamos o futuro...

"Ninguém morre virgem, porque a vida fode-nos a todos" ( Kurt Cobain)... De uma maneira ou de outra...

Embora semelhantes, temos um conjunto de características que nos diferenciam, comportamentos, pensamentos, atitudes e emoções...
Características herdadas, o meio social onde estamos inseridos e as experiências ao longo da vida constroem a nossa identidade...
Passamos por várias etapas, a infância, a adolescência ,onde a socialização vai acontecendo e com as nossas escolhas vamos criando um estatuto e uma identidade social...
Para apresentar alguém dizemos que é arquitecto, engenheiro, professor, pintor, actor, como se o que faz ,fosse o importante para a sua definição...
Não definimos tanto as pessoas pela sua personalidade,se é inteligente, organizada, divertida...
Daí que quando se perde ou abandona um emprego, uma profissão existe sempre associada uma "crise identitária...

As pessoas estão ocupadas em agradar os outros e atender às expectativas dos outros que perdem o controle da sua própria vida..
O apego torna-nos escravos do passado, quando nos desligamos, passamos a ser mais tolerantes, gentis e serenos...
Devemos abraçar a mudança e não resistir, para que se abram novas portas...
Não estamos sempre certos, nem temos necessidade de controlar tudo , apenas devemos assumir as nossas responsabilidades...
Devemos estar presentes em tudo o que fazemos e aproveitar a vida...
A vida é uma jornada, não um destino...

Nunca sabemos o tempo que ainda temos para viver...
Talvez tenhamos mais passado que futuro...
Meu tempo tornou-se escasso para discutir assuntos inúteis, mediocridades, egos inflamados...
Não tenho mais tempo para acareação de afectos...
Gosto de gente muito humana, que sabe rir, dos seus tropeços e que não se encanta com os seus triunfos...
Para mim ,basta o essencial, esse sim, faz a vida valer a pena...

Damos muito valor a muita coisa que, no fundo, não tem realmente grande importância...
Devemos levar a vida de uma forma tranquila e prazerosa, buscando o melhor em nós e nos outros...e fazendo o nosso melhor em todas as ocasiões...
O nosso edifício público e privado, é cheio de imperfeições...somos humanos, contraditórios cheios de defeitos e qualidades doentias...
Muito melhor não criar expectativas...mesmo quando a virtude se esforça e quer vir à tona...

“É doce, quando sobre o vasto mar os ventos agitam as águas, assistir da margem ao sofrimento do outro.”

Aprendi que posso fazer algo num minuto e responder por isso o resto da minha vida...
Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que nunca vi antes...
Aprendi também que diplomas na parede, não nos fazem mais respeitáveis, ou mais sábios , ou com melhor carácter...
Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo quando desejamos retê-las para sempre...
Aprendi que por mais que queira proteger os meus filhos, eles vão-se machucar e eu também, isso faz parte da vida...
Aprendi que, não importa o quanto o meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso...
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar boas razões para que goste de mim e ter paciência que a vida faça o resto...
Aprendi que nos momentos mais difíceis a ajuda veio precisamente daquela pessoa que eu achava que iria piorar as coisas...
OBRIGADA...

Não escolhemos onde nascemos...
Nascemos num lugar qualquer , sem escolha , aprendemos uma língua, valores, hábitos, crenças...isto é assimilamos uma cultura...
Ao longo da vida e mesmo que nos afastemos do nosso ambiente familiar , as "nossas raízes", marcam-nos profundamente...
Alguns de nós, carregam como aspetos fundamentais da própria vida, os segredos, honras ou desonras das famílias...nem sempre é a família toda, mas foi algum ente querido de quem se gostava e admirava muito, um nome herdado...e por boas ou más razões atualizam permanentemente esse passado vivido ou contado...
Há sempre uma continuidade nas histórias que contamos e que constituem o núcleo central da nossa identidade...
Mas também há outros que se empenham em ser ou fazer as suas próprias "raízes", fugindo um pouco deste "destino", porque entendem que o ser humano tem esta capacidade de escolher...

A vida das pessoas é uma fonte inesgotável de interesse...
As pessoas cada vez têm menos tempo e há cada vez mais o culto do "eu"...
As redes sociais alimentam isso...
Nas redes sociais há um gigantesco mundo de "faz de conta", é como se as pessoas vivessem menos isoladas, estabelecem muitas amizades, convivem sem ter a trabalheira de se arranjarem e saírem de casa...
Andamos mascarados, podemos desempenhar os nossos papéis sociais e podemos nos refugiar em estereótipos...
Hoje cada vez menos se estabelecem relações genuínas, há uma desconfiança generalizada, uma superficialidade emocional, uma dimensão do descartável...
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