Gosto de chegar a casa , largar a carteira, descalçar os sapatos e tirar a roupa. Ligo a televisão e depois aterro o corpo no meu espaço- que é talhado de mim para mim e saboreio cada rasgo de luz que ainda entra pelas janelas, cada som e cheiro, que ficaram ali abandonados. É "o meu espaço", onde me sinto capaz de voar sem de lá sair. Onde me sinto capaz de ficar dias a fio sem espreitar a cidade. É aquele canto onde me lembro do colo e onde revivo em cada minuto tudo o que há de bom para deixar. Claro que existem outros sítios assim- capazes de me fazer estar em casa... O meu espaço mora em mim e arrasta-se comigo em cada gesto do que eu faço, mesmo que seja num infinito qualquer sem morada ou coordenadas de GPS.
