PINTURAS E TRAPINHOS: janeiro 2017

janeiro 31, 2017

O nosso cérebro é cheio de artimanhas...
Por vezes temos a sensação que dominamos um assunto e somos uns especialistas mas somos incompetentes e não reconhecemos isso...e vice versa...
Todos nós alguma vez achámos que somos uma fraude...o chamado "síndrome do impostor"...
Nem sempre os melhores alunos são os melhores profissionais...
A vida é feita de injustiças e muitas vezes acabamos por acreditar quando entramos num determinado grupo de estereótipos...o cérebro engana e acredita naquilo que ouve...Por exemplo o caso das loiras, dos gays,ou que as mulheres são piores a jogar futebol, xadrez ,etc...
A maioria de nós, seres humanos, criaturas complicadas, quando queremos acreditar em alguma coisa somos capazes de inventar, inconscientemente, argumentos para provar que estamos certos... Nem que esses argumentos sejam grandes mentiras...
A verdade é que os seres humanos têm uma capacidade impressionante de enxergar padrões em todas as coisas, de imaginar que tudo acontece por uma razão misteriosa...

Se as coisas não tivessem acontecido, não sei o que seria da minha vida...
Provavelmente estava a fazer outra coisa...

É a sensibilidade que torna as pessoas mais, ou menos, humanas...
Como idealista que sou, desejo e defendo a sensibilidade no mundo...
Só assim, nossos desejos serão de coração e as mudanças serão sólidas pois terão em seus alicerces, valores nobres...
Parece que os sensíveis sofrem mais, mas não...
Não é questão de sofrimento, é a capacidade de sentir e a nossa condição humana, que nos permite não passar imunes ao que nos toca...

A vida tem sempre razão...
Facilmente elegemos os melhores momentos da nossa vida...
Muitas vezes as contrariedades e os não acontecimentos têm um efeito transformador, mudam-nos para melhor, passamos a ver o lado certo da coisa errada , descobrimos a outra metade do copo ... a cheia...
Nunca temos ideia daquilo que somos capazes de fazer, quando nos surge um problema...
Há momentos que temos de nos esticar até ao limite, de nos adaptarmos às novas circunstâncias, para depois voltarmos ao estado inicial muito mais equilibrados...
Na vida nada é garantido, não existe o " para sempre" e devemos ser como os gatos...Ter pelo menos 7 vidas...e não morrer entre uma e outra...
O destino somos nós que o escrevemos todos os dias, mas também existe algo que somos incapazes de dominar...
Ninguém sabe a história por inteiro...e quando tentamos soluções, acontecem insights surpreendentes...
Porque a melhor coisa que não nos aconteceu na vida é uma vírgula, não um ponto final. Muito menos um parágrafo...

O filtro passou a ser a interpretação das coisas...
A nossa vida passou a ter filtros em todas as decisões e passa pelo nosso julgamento, como se tudo tivesse de ser perfeito na vida...
Há uma insatisfação na alma, filtramos a dor, sentimentos...
A vida é intensa... Não precisa estar sendo passada a limpo o tempo todo como se tivéssemos sempre com um rascunho em mãos. Ela pode ficar vazia...
Sem aparências, sem maquiagens, sem máscaras...porque os filtros mascaram, inclusive as nossas próprias escolhas...
A vida acaba por ser subjetiva quando se resume aos filtros...
A vida deve ser vivida como se apresenta, como é ...sem versões...

Há dias em que nos sentimos vítimas...temos uma inacreditável pena de nós próprios...
Sentimo-nos vítimas de tudo e de todos, não escapa ninguém, nem nada...
Nestes dias a infelicidade, corre atrás de nós, mesmo enumerando uma série de bênçãos...o nosso cérebro recusa-se a racionalizar...
Pode ser uma tristeza ,uma irritabilidade à espera de um alvo...mas preferimos encontrar bodes expiatórios para um problema que não somos capazes ou queremos resolver...
Rebobinamos as mesmas lamúrias, por vezes chegamos mesmo ao "fundo do poço", mas se depois tivermos a lucidez de entender que em vez de fazermos "papel de vítimas", ganhamos mais em ganhar coragem e enfrentar os nossos problemas, possivelmente teremos a capacidade de dar a volta...

"Bem aventurados os que nada esperam, porque não serão enganados..."moritz Buch

O verdadeiro silêncio não existe...
O único tipo de silêncio é a desatenção...
O som não é apenas o que ouvimos...
O nosso sentido da audição não é apenas físico mas também psicológico...
O modo como percecionamos os sons é diferente de pessoa para pessoa...
O som é psicológico, porque molda tudo aquilo que vivemos...
"Ter bom ouvido", não significa que o ouvido funcione fisicamente bem, mas que na verdade isso também tem a ver com a atenção, com a consciência e com o interesse pelo som...
O melhor som é o som que nos leva a sentir alguma coisa...
A audição é seletiva ..."só ouvimos o que nos interessa"...

"Quando o vento muda de direção ,há os que constroem muros e os que constroem moinhos de vento" proverbio chinês

O nosso estilo de vida leva-nos cada vez mais a ter de estar preparadas para tudo, a um multitasking constante...
As redes sociais, fazem-nos estar em contacto fácil com todo o mundo...
Estamos literalmente em todo o lado num piscar de olhos, o que faz de nós seres cada vez mais multiculturais...

Ensinaram-nos (bem ou Mal), que devemos ser capazes de lutar, nos esforçar, de desenvolver competências, de aguentar frustrações, de ser resilientes e superar obstáculos para atingir os nossos objetivos...
Desistir é que nunca...e se enunciamos uma intenção e depois "damos o dito por não dito", ficamos na categoria das pessoas com falta de determinação e cobardia...
Todos nós de vez em quando experimentamos a sensação de cansaço, falta de sentido, desejo de fuga, descrença de nós próprios e dos nossos recursos...
A maioria persiste , algumas vezes perde e outras vezes sentem o gozo e a enorme fruição de sentir que têm algum controlo sobre o destino...Outros refugiam-se no medo arcaico de serem incapazes e nem tentam...
A vida acontece e as coisas passam por qualquer razão e podem não correr bem...
Sendo a maior das desistências , é também a maior das infelicidades...

Todos temos um backup da memória, nas nossas cabeças...
Na maioria dos casos , não são grandes pensamentos ou feitos...mas sim ,as coisas mais triviais que nos martelam na cabeça...
É aquilo que é viral connosco, objetos, cromos, histórias aos quadradinhos, reclames, publicidade ,os sons das bandas de garagem, etc...
Como são virús, do nosso tempo, infectam e definem-nos a vida, são eles que dão identidade às gerações...
Acabamos por ter o mesmo tipo de memória física com algumas pessoas por termos interesses comuns...
Mas são apenas memórias e não nostalgia...
O tempo "come as coisas"...Pois a gente dá-lhe muito que comer para ele se distrair...
As memórias do nosso tempo, são muito do nosso tempo, atrás havia outras à frente já há muitos mais...mas as nossas memórias definem-nos...

Todas as nossas escolhas são válidas, desde que nos sintamos bem connosco próprios...
Fazer este blog , é uma escolha minha...
Quando temos filhos, crescemos de repente e ganha-se a perspetiva de saber relativizar...
Os filhos obrigam-nos a parar e a apreciar as coisas boas da vida e o mesmo se aplica aos netos...
Atualizam-nos, ensinam-nos, empurram-nos, fazem-nos acompanhar as novas tendências, fazem-nos pensar no presente como uma rampa para o futuro...
Quando somos exigentes connosco, acabamos por ser uns eternos insatisfeitos...
Quando no final do dia pensarmos, que fizemos o melhor que conseguimos, estamos então no bom caminho...